Produtor preserva nascente e usa água como fonte de energia

Ter acesso a água de boa qualidade é o sonho de todo produtor rural, para consumo próprio e uso na atividade agropecuária. João Carlos Mazorque, morador da microbacia Campinho, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, tem esse privilégio. O sítio de 14 hectares, onde desenvolve a pecuária leiteira, possui nascentes e é cortado pelo Córrego do Serrote.

Consciente da importância de preservar o precioso recurso natural de que dispõe, João Carlos protegeu três nascentes - duas com recursos próprios e uma com o apoio do Rio Rural. O agricultor é um dos participantes da campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, iniciativa do Rio Rural, que comemora neste sábado (22 de março) o Dia Mundial da Água, com a marca de 1.170 nascentes protegidas em parceria com agricultores do estado. Com este número, a campanha ultrapassa a metade de sua meta de 2016 nascentes protegidas até o início das Olimpíadas do Rio.

A mobilização de agricultores para a proteger os recursos hídricos se revela ainda mais importante nos períodos de seca, como nos primeiros meses deste ano. “A estiagem está cada vez mais severa, mas a proteção no entorno das nascentes garante que não falte água aqui. Estou vendo nos jornais várias regiões com escassez de água. Graças a Deus não temos este problema”, afirma João Carlos.

A água em abundância abastece as casas, garante a atividade agrícola e ainda é usada como fonte de energia. Há cerca de cinco meses, João Carlos instalou uma roda d’água para irrigar o pastoreio rotacionado implantado na parte mais alta da propriedade com incentivo financeiro e assistência técnica do Rio Rural. “Uma bomba elétrica seria inviável para mim. O custo seria muito maior. Assim eu aproveito um recurso natural para melhorar o meu sistema de produção”, explica o produtor.

João Carlos foi beneficiado pelo Rio Rural nas duas fases do programa. Inicialmente, implantou o pastoreio rotacionado e protegeu uma nascente. Agora vai proteger uma área de mata ciliar e instalar o equipamento de irrigação na área de pastoreio, garantindo o bom crescimento do capim o ano inteiro. Com assistência técnica da Emater-Rio, o produtor adotou práticas de manejo sustentáveis e comemora os resultados, com aumento da renda e mais qualidade de vida.

Preservação da água é aliada da saúde

Além de incentivar a proteção de nascentes, através da campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, a secretaria de Agricultura está promovendo o saneamento básico no campo. O Programa Rio Rural vai instalar 5 mil fossas sépticas em 24 municípios do estado, evitando a contaminação dos corpos hídricos, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida da população. Na microbacia Campinho, onde reside João Carlos, 63 famílias rurais receberão o kit de saneamento.

Energia natural e renovável

A família Mazorque sempre aproveitou o potencial hídrico na geração de energia, devolvendo a àgua a seu curso natural no final do processo. No sítio, há uma micro usina hidroelétrica instalada há mais de 30 anos. “Eu ainda não era casada, mas sei que durante uns quatro anos essa foi a única fonte de energia aqui na localidade. Não tinha luz elétrica, só existia este gerador”, conta Aída Gentil Mazorque, casada com João Carlos há 25 anos. A pequena usina fornece energia suficiente para uso de televisão, ventiladores e lâmpadas em três casas, de João Carlos e seus irmãos, e ainda dá suporte nos momentos de falta de energia.

Outro instrumento movido pela água é um moinho de grãos, utilizado quando o plantio de milho era a principal atividade da região. Cerca de 200 quilos de milho eram processados por dia, transformados em canjiquinha e fubá, para agregar valor ao produto. Com a escassez da mão de obra, as lavouras de milho deram lugar às pastagens, e o moinho que já atendeu a dezenas de produtores da região atualmente está parado. "Sem a água não conseguiríamos nada, por isso sempre aproveitamos com responsabilidade o que a natureza nos deu. Não troco o meu lugar por nada no mundo", diz João Carlos.