sábado, 29 de março de 2014

O menino que ama livros
Nesses tempos em que a tecnologia tomou conta dos lares, em que as amizades reais foram trocadas por contatos virtuais e a distração fica concentrada em redes sociais ou jogos eletrônicos, um leitor voraz se destaca na paisagem. Se o sonho desse garoto, de 18 anos, for criar sua própria biblioteca para dividir seus livros e a paixão pela leitura com outras pessoas, aí a surpresa é ainda maior.
Pois sim, este garoto anda anônima e tranquilamente pelas ruas da cidade com sua mochila e sempre com um fiel companheiro – um livro! Hendryo Ritchele Silva é conhecido como Júnior e também por seu amor à literatura. Aos cinco anos, ainda em Belo Horizonte, onde morava, descobriu a magia nas páginas impressas. Incentivado pela mãe, que comprava e estimulava a leitura, o garoto tomou gosto pela coisa e descobriu novos mundos. Gibis e livros infantis enchiam sua vida.
Quando completou 12 anos a família veio morar em Porciúncula, especificamente no Bairro São João Batista, onde vivia seu avô que se encontrava adoentado. A vinda para o interior mudou um pouco as atenções do garoto. Brincadeiras de rua, liberdade para sair e amigos com interesses diversos o distanciaram dos livros. Confessa que os professores da Escola Orlinda Veiga estimulavam o alunos com prêmios aos melhores leitores, mas ele queria viver a infância “perdida” na grande cidade. Essa fase durou até os 15 anos com a entrada no Ensino Médio, no Instituto de Educação. Estimulado pelos professores, passou a frequentar a biblioteca da instituição e retomou o prazer pela leitura. Passou também a freqüentar a Biblioteca Pública Municipal, no Centro Cultural de Porciúncula. Desde então, lê cerca de 40 livros por ano. Toda essa voracidade e dedicação não o impede de sair, trabalhar nem de estudar. Júnior trabalha numa locadora durante o dia e à noite cursa Fisioterapia na Faculdade Redentor de Itaperuna. Sonhar, ele sonha mesmo com o curso de Letras ou de História, mas como ganhou uma bolsa de estudos para fisioterapia, se mantém firme na conquista.
Eloqüente, o jovem com cara de menino e postura séria, tem vocabulário invejável e a conversa flui sobre qualquer assunto. A leitura desperta nele interesses maiores do que em outras pessoas que não lêem, ele reconhece.

Eclético, lê basicamente tudo: “Me interesso pela leitura. Se o livro for interessante, tiver uma escrita boa, eu leio. Se vou gostar do livro, só vou saber no fim. Mas meus maiores interesses são por livros de ficção e distopia (também conhecida como antiutopia, é um conceito filosófico adotado por vários autores e expresso em suas criações ficcionais, nas quais eles retratam uma sociedade construída no sentido oposto ao da utopia, que por sua vez prevê um sistema perfeito, um estado ideal, onde vigora a máxima felicidade e a total concórdia entre seus cidadãos). Gosto muito de mitologia, grandes navegações, livros que relatam curiosidades e costumes de outras épocas. A Casa de Avis, da trilogia Calicute, de Marcelo Mussuri, mostra as relações entre  Espanha, Portugal e a Igreja, foi um dos últimos que li e um dos que mais gostei. Leio, pelo menos, três livros por mês, e isto não me impede de viver, embora esta opção restrinja um pouco a vida social”, confessa o leitor, que optou por não namorar no momento para não se distrair de seus objetivos principais – estudo, trabalho, livros, livros, livros.

ASCOM Porciúncula



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