O menino que ama livros
Nesses tempos em que a tecnologia
tomou conta dos lares, em que as amizades reais foram trocadas por contatos
virtuais e a distração fica concentrada em redes sociais ou jogos eletrônicos,
um leitor voraz se destaca na paisagem. Se o sonho desse garoto, de 18 anos,
for criar sua própria biblioteca para dividir seus livros e a paixão pela
leitura com outras pessoas, aí a surpresa é ainda maior.
Pois sim, este garoto anda
anônima e tranquilamente pelas ruas da cidade com sua mochila e sempre com um
fiel companheiro – um livro! Hendryo Ritchele Silva é conhecido como Júnior e
também por seu amor à literatura. Aos cinco anos, ainda em Belo Horizonte, onde
morava, descobriu a magia nas páginas impressas. Incentivado pela mãe, que
comprava e estimulava a leitura, o garoto tomou gosto pela coisa e descobriu
novos mundos. Gibis e livros infantis enchiam sua vida.
Quando completou 12 anos a
família veio morar em Porciúncula, especificamente no Bairro São João Batista, onde
vivia seu avô que se encontrava adoentado. A vinda para o interior mudou um
pouco as atenções do garoto. Brincadeiras de rua, liberdade para sair e amigos
com interesses diversos o distanciaram dos livros. Confessa que os professores
da Escola Orlinda Veiga estimulavam o alunos com prêmios aos melhores leitores,
mas ele queria viver a infância “perdida” na grande cidade. Essa fase durou até
os 15 anos com a entrada no Ensino Médio, no Instituto de Educação. Estimulado
pelos professores, passou a frequentar a biblioteca da instituição e retomou o
prazer pela leitura. Passou também a freqüentar a Biblioteca Pública Municipal,
no Centro Cultural de Porciúncula. Desde então, lê cerca de 40 livros por ano. Toda
essa voracidade e dedicação não o impede de sair, trabalhar nem de estudar.
Júnior trabalha numa locadora durante o dia e à noite cursa Fisioterapia na
Faculdade Redentor de Itaperuna. Sonhar, ele sonha mesmo com o curso de Letras
ou de História, mas como ganhou uma bolsa de estudos para fisioterapia, se
mantém firme na conquista.
Eloqüente, o jovem com cara de
menino e postura séria, tem vocabulário invejável e a conversa flui sobre
qualquer assunto. A leitura desperta nele interesses maiores do que em outras
pessoas que não lêem, ele reconhece.
Eclético, lê basicamente tudo: “Me
interesso pela leitura. Se o livro for interessante, tiver uma escrita boa, eu
leio. Se vou gostar do livro, só vou saber no fim. Mas meus maiores interesses
são por livros de ficção e distopia (também
conhecida como antiutopia, é um conceito filosófico adotado por vários autores
e expresso em suas criações ficcionais, nas quais eles retratam uma sociedade
construída no sentido oposto ao da utopia, que por sua vez prevê
um sistema perfeito, um estado ideal, onde vigora a máxima felicidade e a total
concórdia entre seus cidadãos). Gosto
muito de mitologia, grandes navegações, livros que relatam curiosidades e
costumes de outras épocas. A Casa de Avis, da trilogia Calicute, de Marcelo Mussuri,
mostra as relações entre Espanha,
Portugal e a Igreja, foi um dos últimos que li e um dos que mais gostei. Leio, pelo menos, três livros por mês, e
isto não me impede de viver, embora esta opção restrinja um pouco a vida
social”, confessa o leitor, que optou por não namorar no momento para não se
distrair de seus objetivos principais – estudo, trabalho, livros, livros,
livros.
ASCOM Porciúncula
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