sábado, 15 de março de 2014

É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1)

Dom Edney Gouvêa Mattoso,

Bispo Diocesano de Nova Friburgo (RJ)

 Caros amigos, a liberdade é um bem precioso e condizente com a dignidade do  homem, que é imagem e semelhança de Deus. Nascemos para a liberdade e só nos realizamos plenamente sendo livres. Por este motivo, o tema da Campanha da Fraternidade traz este ano o tema: “Fraternidade e tráfico humano”, com o lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), no esforço de trazer à luz um grave problema social enfrentado por nossa sociedade: o tráfico de pessoas.

 Na verdade, milhares de pessoas sofrem injustamente com o tráfico de pessoas: seja para o trabalho escravo, incluído o tráfico para prostituição; seja o tráfico de órgãos humanos; seja o tráfico de crianças para a adoção. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, 21 milhões e pessoas padecem no trabalho escravo e a exploração sexual no mundo; e nunca houve tantos escravos como agora. Esta realidade “está em nossas portas”! Não é fácil a tarefa de iluminar esta situação com a luz do Evangelho e promover uma verdadeira mudança social, pois este crime conta também com o silêncio das vítimas.

 Estas, uma vez que são aliciadas ou convencidas pelos criminosos que se beneficiam do tráfico, entram em uma espécie de espiral do silêncio: não denunciam a exploração a que estão submetidas. Os motivos são vários: por não terem outro meio de subsistência, por serem ameaçadas, ou estarem em uma situação ilegal que as impede de procurar a justiça, por serem reféns de uma “dívida impagável”, ou acreditam que a situação em que vivem é simplesmente fruto de uma decisão pessoal de vida e que devem suportar.

 Neste ponto, é importante saber que para a configuração do crime de tráfico humano, o consentimento da vítima é irrelevante. Basta que se constatem os meios que caracterizam esse crime, como: ameaça; uso da força e outras formas de coação;rapto; engano; abuso de autoridade; situação de vulnerabilidade; aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre a outra.

 Assim, o que é proposto para as comunidades nesta Campanha da Fraternidade é que sejam conscientes da existência desta situação aviltante, cuidem das mazelas sociais que propiciam estes atos que atentam contra a dignidade humana e denunciem sua existência junto aos Poderes Públicos. De fato, nossa sociedade será mais livre a partir do momento em que crescermos em fraternidade e compromisso social. Ajudemos, também em nossas cidades, a erradicar estas situações que causam tanta dor e sofrimento.

Ricardo Gomes

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