Para a assistente social da Emater-Rio, Mariá Otal, este foi o primeiro passo para que agricultores familiares consigam vender de forma efetiva para a merenda escolar. Neste primeiro semestre, apenas dois deles conseguiram acessar esse mercado. “Uma mudança na legislação permitiu que as unidade de ensino adquirissem a merenda através dos agricultores familiares. Isso foi muito importante para melhorar o acesso a este mercado. Antes eles só podiam vender seus produtos através de cooperativas ou associações. Era bom apenas para os que estavam organizados de forma conjunta e essa ainda não é a realidade da maioria”, explicou.
Ainda segundo Mariá, a Prefeitura deverá ampliar a quantidade de produtos alimentícios que os agricultores poderão fornecer na próxima chamada pública. “As nutricionistas das escolas vão ao campo para conhecer os produtos e a forma como eles são produzidos. Por outro lado, os agricultores também vão se programar para atender cada vez melhor aos pedidos. É um processo que tem tudo para dar certo”, avaliou.
Nesta semana, os agricultores entregaram uma tonelada de abacaxi, uma tonelada de abóbora e 200 quilos de batata doce. “Os preços são bons porque não vamos ter que ir ao Rio de Janeiro para vender e nem entregar a um vendedor. Isso faz o nosso lucro melhorar”, analisou José de Almeida. A Prefeitura vai pagar R$ 1,98 por quilo de batata doce, R$ 2,87 pelo quilo de abacaxi e R$ 1,26 pela mesma quantidade de abóbora vermelha.
Há quatro anos, José e Elias participam do Programa Rio Rural e dizem que aprenderam técnicas novas de plantio, ampliaram o mercado de venda, o conhecimento e até o cardápio. Eles fazem parte de um grupo de 12 agricultores que atuam na pesquisa participativa da Pesagro-Rio, cultivandom de forma protegida, hortaliças em estufas e mandalas. A maior parte das verduras do cultivo protegido é vendida para um restaurante no Porto do Açu. “Não sabíamos plantar alface. Isso era coisa que só fazíamos no inverno e para o consumo da nossa família. Alface era um alimento que só comprávamos se fossemos ao Centro da cidade. Hoje é uma fartura impressionante”, disse Elias.
José de Almeida aprendeu a cultivar a terra utilizando práticas ecoamigáveis. “Fazemos a rotação das culturas e a minha maior novidade foi o cultivo do pimentão. Minha esposa e eu colhemos até pimentão colorido e sem agrotóxico”, revelou. Eles praticam a rotação de culturas e o plantio direto para não cansar o solo, utilizam defensivos e fertilizantes naturais, seguem à risca a orientação dos técnicos que prestam assistência técnica em suas propriedades e retomaram o conhecimento que era repassado pelos pais, mas que não era tido como muito confiável. “Meu pai sempre dizia que não podia plantar uma coisa só o ano inteiro no mesmo pedaço de terra, mas isso eu não dava muito crédito. Com o Rio Rural, os técnicos me fizeram perceber que isso era o melhor para a terra e para nós também”, finalizou Elias.
O secretário estadual de Agricultura, Christino Aúreo, lembra que a compra direta de produtos da agricultura familiar é sempre sem intermediários e com dispensa de licitação. "É mais uma alternativa de comercialização, diversificação e geração de renda para o homem do campo. Em contrapartida, para os estudantes é a garantia de alimentos e hábitos saudáveis. Tudo isso fortalece as cadeias produtivas e a economia dos municípios do interior", opiniou.
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